quarta-feira, abril 30, 2014

Proteja a sua Igreja em um simples passo / Tim Challies

Alguns dias atrás eu tentei demonstrar como uma igreja se auto-destrói . Há uma progressão triste que começa com as pessoas ficando cansado e envergonhado de verdade. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.
Tudo isso é colocado para fora no capítulo quatro de 2 Timóteo. Em face desse tipo de assalto, Paulo justapõe a solução mais simples: pregar. É tão simples como isso um passo, que um compromisso. A igreja que permanece fiel a Deus é a igreja que permanece fiel à Palavra de Deus. A igreja saudável é a igreja pregação. Aqui, como eu vê-lo em 2 Timóteo 4:2, são instruções específicas de Paulo para o tipo de pregação que glorifica a Deus e protege a igreja.

Pregar Expositivamente

"Prega a palavra." Não é suficiente simplesmente pregar; precisamos pregar a Palavra . A pregação é apenas tão poderoso quanto sua fidelidade à Bíblia.  Não há poder inato na forma de pregação; o poder na pregação vem da fonte da pregação.  Acredito que a forma mais fiel a pregar a Palavra é pregar expositivamente, para garantir que o ponto do texto torna-se o ponto do sermão. Mais do que qualquer outra forma de pregação, este restringe o pastor com a Palavra de Deus. Não só isso, mas ele permite que a congregação para garantir que cada palavra é desenhado fielmente a Palavra de Deus. A pregação expositiva depende de um pregador com uma Bíblia aberta, e uma congregação com Bíblias abertas.

Pregar persistentemente

"Esteja pronto a tempo e fora de tempo." Há um apelo aqui para persistência em pregar. Pregação vem e vai na igreja. Há momentos em que a pregação é amado e momentos em que a pregação é odiado. A pregação expositiva vem e vai bem, e nós nunca são longe dos chamados peritos dizer-nos que esta forma de pregação fará uma igreja em colapso. "As pessoas não querem saber o que diz Filipenses, eles querem saber como resolver os problemas da vida!" Mas esse tipo de pregação fiel, na Palavra precisa ser feito a tempo e fora de temporada, quando ele é popular e quando se é terrivelmente impopular.
Eu quero fazer uma pausa aqui por um momento para falar com os novos calvinistas. Nós amamos nossa pregação. Nós vamos tolerar nada menos do que a pregação expositiva em nossos púlpitos e em nossas conferências. Mas eu acredito que nós precisamos perguntar se nós o amamos porque Deus diz que é bom, ou se nós o amamos, porque, pelo menos por agora, outras pessoas dizem que é bom. Quando a tendência segue seu curso e pregação expositiva perdeu o seu brilho, será que ainda amo ele, então?

Pregar Praticamente

"Corrige, repreende, exorta." Pregação é ter uma dimensão prática. Apesar de pregação nos ensina sobre Deus, ele faz mais do que isso. Ele também nos ensina a honrar a Deus e como viver para a sua glória. Saber a respeito de Deus é boa, mas insuficiente. Pregação é feito para salvar as almas, para transformar vidas, e para nos estimular na santidade. A nossa pregação é para reprovar, para enfrentar e corrigir a falsa doutrina; é para repreender, para enfrentar e corrigir padrões pecaminosos de vida; é para exortar, para treinar e incentivar nas coisas que honram a Deus. Pregação não é apenas lançar granadas de mão santos na vida das pessoas, mas incentivá-los e cuidar deles.

Pregar Pacientemente

"Com paciência completo ..." Há de ser um elemento de paciência para a pregação, e elemento de paciência na pregação. O pastor deve ser paciente com a forma de pregação, nunca se cansar dele e nunca perdendo a confiança em sua bondade e eficácia. E todo o tempo que ele deveria pregar com muita paciência para sua congregação. Os melhores professores são aqueles que são amáveis ​​e tolerante, que conhecem os seus alunos, e quem vai suportar por muito tempo com paciência e compreensão. A melhor pregação vem junto com os cristãos, leva-los, encoraja-os em crescimento, semana após semana, ano após ano. Os melhores modelos de pregação a paciência que Deus tem com a gente como nós, lentamente, muito lentamente, crescer em conhecimento e santidade.

Pregar Doutrinariamente

"... E no ensino." Nossa pregação é estar cheio de verdade cristã. Paulo insiste que as pessoas que se afastam de Deus não suportarão a sã doutrina ou a sã doutrina, a mesma coisa que Paulo chama para aqui. A melhor pregação é consistente com a sã doutrina e ensina a sã doutrina. Esse tipo de pregação não é sermões para Christianettes, mas todo o conselho de Deus, elaborado a partir da Palavra de Deus.

Olhando para um futuro no qual as pessoas não vão tolerar a verdade, Paulo diz a Timóteo para permanecer fiel à sua vocação fundamental: Para liderar a igreja com e através da Palavra de Deus. Foi encarregado de Paulo a Timóteo há 2.000 anos e hoje essa mesma carga vai para você e para mim. Como povo de Deus que vivem nessa idade de comichão nos ouvidos, devemos permanecer confiante e comprometida com nada menos do que os fiéis, semana a semana pregação da Palavra preciosa de Deus.

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domingo, outubro 27, 2013

10 Marcas Distintivas da Pregação de João Calvino / por: Steven Lawson

No livro João Calvino: amor à devoção, doutrina e glória de Deus (Editora Fiel), editado por Burk Parsons, há um capítulo intitulado O Pregador da Palavra de Deus, escrito por Steven Lawson. Aqui está um resumo desse capítulo, delineando o que Steven Lawson sugere ser as dez marcas distintivas da pregação de Calvino. 

1. A pregação de Calvino era bíblica em seu conteúdo.
“O reformador se manteve firme no principal fundamento da Reforma — sola Scriptura (somente a Escritura)… Calvino acreditava que o pregador não tinha nada a dizer além das Escrituras.” (pp. 96-97)

2. A pregação de Calvino seguia um padrão sequencial.
“Durante o ministério de Calvino, o seu procedimento era pregar sistematicamente sobre livros inteiros da Bíblia… Na manhã dos domingos, Calvino pregava o Novo Testamento; à tarde, o Novo Testamento e os Salmos; e, em semanas alternadas, pregava o Antigo Testamento todas as manhãs da semana. Servindo-se desse método consecutivo, Calvino pregou quase todos os livros da Bíblia.” (pp. 97-98)

3. A pregação de Calvino era direta em sua mensagem.
“Quando expunha as Escrituras, Calvino era notoriamente direto e centrado no ensino principal. Ele não iniciava sua mensagem com uma história cativante, uma citação estimulante ou uma anedota pessoal. Em vez disso, Calvino introduzia de imediato os seus ouvintes no texto bíblico. O foco da mensagem era sempre as Escrituras, e Calvino falava o que precisava ser dito com economia de palavras. Não havia frases desperdiçadas.” (p. 98)

4. A pregação de Calvino era extemporânea em seu apresentação.
“Quando subia ao púlpito, ele não levava consigo um rascunho escrito ou esboço do sermão. O reformador fez uma escolha consciente de pregar extempore, ou seja, espontaneamente. Ele queria que seus sermões tivessem uma desenvoltura natural e cheia de paixão, enérgica e envolvente; acreditava que a pregação espontânea era mais conveniente para cumprir esses objetivos.” (p. 99)

5. A pregação de Calvino era exegética em sua abordagem.
“Calvino insistia que as palavras da Escritura têm de ser interpretadas conforme o ambiente histórico específico, as línguas originais, as estruturas gramaticais e o contexto bíblico… Calvino insistiu no sensus literalis, o sentido literal do texto bíblico.” (p. 100)

6. A pregação de Calvino era acessível em sua simplicidade.
“Como pregador, o principal objetivo de Calvino não era comunicar-se com outros teólogos, e sim alcançar as pessoas comuns, assentadas no banco… Ocasionalmente, Calvino explicaria mais cuidadosamente o significado de uma palavra, sem citar o grego ou o hebraico original. Todavia, Calvino não hesitava em usar a linguagem da Bíblia.” (p. 101-102)

7. A pregação de Calvino possuía um tom pastoral.
“O reformador de Genebra nunca perdia de vista o fato de que ele era um pastor. Assim, ele aplicava calorosamente as Escrituras, com exortação amável a fim de pastorear o seu rebanho. Ele pregava com a intenção de estimular e encorajar suas ovelhas a seguirem a Palavra.” (p. 102)

8. A pregação de Calvino era polêmica em sua defesa da verdade.
“Para Calvino, a pregação necessitava de uma defesa apologética da verdade. Ele acreditava que os pregadores tinham de resguardar a verdade; por isso, a exposição sistemática exigia a confrontação das mentiras do Diabo em todas as suas formas enganosas.” (p. 103)

9. A pregação de Calvino era cheia de paixão em seu alcance.
“Em nossos dias, há uma noção errônea de que, por acreditar na predestinação, Calvino não era evangelístico. O mito persistente é que ele não tinha paixão por alcançar almas perdidas para trazê-las a Cristo. Nada pode estar mais distante da verdade. Calvino possuía uma grande paixão por alcançar as almas perdidas. Por essa razão, ele pregava o evangelho com uma persuasão que afetava o coração e com amor, apelava aos pecadores desgarrados a se renderem à misericórdia de Deus.” (p. 104)

10. A pregação de Calvino era doxológica em sua conclusão.
“Todos os sermões de Calvino eram completamente teocêntricos, mas seus apelos conclusivos eram sinceros e amorosos. Ele não podia descer do púlpito sem exaltar o Senhor e instar seus ouvintes a se rederem à absolutamente supremacia dEle. Os ouvintes tinham de se humilhar sob a poderosa mão de Deus. Quando concluía, Calvino exortava regularmente sua congregação: ‘Prostremo-nos todos ante a majestade do nosso grande Deus’. Não importando o texto bíblico sobre o qual ele pregava, essas palavras demandavam uma submissão incondicional de seus ouvintes.” (p. 105)

Tradução: Felipe Sabino (agosto/2013)

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Solus Christus / por: Joel Beeke

A teologia reformada afirma que a Escritura e sua doutrina sobre a graça e fé enfatizam que a salvação é solus Christus, “somente por Cristo”, isto é, Cristo é o único Salvador (Atos 4:12). B.B. Warfield escreveu: “O poder salvador da fé reside, portanto, não em si mesma, mas repousa no Salvador Todo Poderoso”.

A centralidade de Cristo é o fundamento da fé protestante. Martinho Lutero disse que Jesus Cristo é o “centro e a circunferência da Bíblia” — isso significa que quem ele é e o que ele fez em sua morte e ressurreição são o conteúdo fundamental da Escritura. Ulrich Zwingli disse: “Cristo é o Cabeça de todos os crentes, os quais são o seu corpo e, sem ele, o corpo está morto”.

Sem Cristo, nada podemos fazer; nele, podemos fazer todas as coisas (João 15:5; Filipenses 4:13). Somente Cristo pode trazer salvação. Paulo deixa claro em Romanos 1-2 que, embora haja uma auto-manifestação de Deus além da sua obra salvadora em Cristo, nenhuma porção de teologia natural pode unir Deus e o homem. A união com Cristo é o único caminho da salvação.

Nós precisamos urgentemente ouvir solus Christus em nossos dias de teologia pluralista. Muitas pessoas hoje questionam a crença de que a salvação é somente pela fé em Cristo. Como Carl Braaten diz, eles “estão voltando à velha e falida forma de abordagem cristológica do século XIX, do liberalismo protestante, e chamando-a de “nova”, quando, na verdade, é pouco mais que uma “Jesusologia” superficial”. O resultado final é que, atualmente, muitas pessoas, como H.R. Niebuhr disse em sua famosa frase a respeito do liberalismo — proclamam e adoram “um  Deus sem ira, o qual trouxe homens sem pecado para um reino sem julgamento por meio de ministrações de um Cristo sem a cruz”.

Nossos antepassados reformados, aproveitando uma perspectiva que rastreia todo o caminho de volta aos escritos de Eusébio de Cesaréia, no século IV, acharam útil pensar a respeito de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei. A Confissão Batista de Londres de 1689, por exemplo, coloca isso da seguinte forma: “Cristo, e somente Cristo, está apto a ser o mediador entre Deus e o homem. Ele é o profeta, sacerdote e rei da igreja de Deus” (8.9). Observemos mais detalhadamente esses três ofícios.

Cristo, o Profeta
Cristo é o Profeta que precisamos para nos instruir nas coisas de Deus, a fim de curar a nossa cegueira e ignorância. O Catecismo de Heidelberg o chama de “nosso principal Profeta e Mestre, que nos revelou totalmente o conselho secreto e a vontade de Deus a respeito da nossa redenção” (A. 31). “O Senhor, teu Deus”, Moisés declarou em Deuteronômio 18:15, “te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás”. Ele é o Filho de Deus, e Deus exige que nós o escutemos (Mateus 17:5).

Como o Profeta, Jesus é o único que pode revelar o que Deus tem planejado na história “desde a fundação do mundo”, e que pode ensinar e manifestar o real significado das “escrituras dos profetas” (o Antigo Testamento, ver Romanos 16:25-26). Podemos esperar progredir em nossa vida cristã apenas se dermos ouvidos à sua instrução e ensino.

Cristo, o Sacerdote
Cristo é também o Sacerdote—nosso extremamente necessário Sumo Sacerdote que, como diz o Catecismo de Heidelberg: “pelo sacrifício de Seu corpo, nos redimiu, e faz contínua intercessão junto ao Pai por nós” (A. 31). Nas palavras da Confissão Batista de Londres de 1689 “por causa do nosso afastamento de Deus e da imperfeição de nossos melhores serviços, precisamos de seu ofício sacerdotal para nos reconciliar com Deus e nos tornar aceitáveis por ele” (8.10).

A salvação está somente em Jesus Cristo, porque há duas condições que, não importa o quanto nos esforcemos, nunca poderemos satisfazer. No entanto, elas devem ser cumpridas se estamos para ser salvos. A primeira é satisfazer a justiça de Deus pela obediência à lei. A segunda é pagar o preço de nossos pecados. Nós não podemos cumprir nenhuma dessas condições, mas Cristo as cumpriu perfeitamente. Romanos 5:19 diz: “ por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”. Romanos 5:10 diz: “nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho”. Não há outra maneira de entrar na presença de Deus a não ser por meio de Cristo somente.

O sacrifício de Jesus ocorreu apenas uma vez, mas ele ainda continua sendo nosso grande Sumo Sacerdote, aquele através do qual toda a oração e louvor são feitos aceitáveis a Deus. Nos lugares celestiais, ele continua sendo nosso constante Intercessor e Advogado (Romanos 8:34; 1 João 2:1). Não é de se admirar, então, que Paulo diz que a glória deve ser dada a Deus “por meio de Jesus Cristo pelos séculos dos séculos” (Romanos 16:27). O gozo de achegarmo-nos a Deus pode crescer apenas por uma confiança profunda nele como nosso sacrifício e intercessor.

Cristo, o Rei
Finalmente, Cristo é o Rei, que reina sobre todas as coisas. Ele reina sobre sua Igreja por meio de seu Espírito Santo (Atos 2:30-33). Ele soberanamente dá o arrependimento ao impenitente e concede perdão ao culpado (Atos 5:31). Cristo é “o nosso Rei eterno que nos governa por sua Palavra e Espírito, e que defende e preserva-nos no gozo da salvação que ele adquiriu para nós” (O Catecismo de Heidelberg, P&R.31). Como o Herdeiro real da nova criação, ele nos levará a um reino de eterna luz e amor.

Neste sentido, podemos concordar com João Calvino quando ele diz: “Nós podemos passar pacientemente por esta vida com sua miséria, frieza, desprezo, injúrias e outros problemas—satisfeitos com uma coisa: que o nosso Rei nunca nos deixará desamparados, mas suprirá as nossas necessidades, até que, ao terminar nossa luta, sejamos chamados para o triunfo”. Podemos crescer na vida cristã apenas se vivermos obedientemente sob o domínio de Cristo e pelo seu poder.

Se você é um filho de Deus, Cristo em seu tríplice ofício como Profeta, Sacerdote e Rei significará tudo para você. Você ama solus Christus? Você o ama em sua pessoa, ofícios, naturezas e benefícios? Ele é o seu Profeta para ensinar-lhe; o seu Sacerdote para sacrificar e interceder por você e lhe abençoar, e o seu Rei para governá-lo e guiá-lo?

Depois de uma execução empolgante da Nona Sinfonia de Beethoven, o famoso maestro italiano Arturo Toscanini disse à orquestra: “Eu não sou nada. Você não é nada. Beethoven é tudo”. Se Toscanini pode dizer isso sobre um compositor brilhante, mas que está morto, quanto mais os cristãos devem dizer o mesmo sobre o Salvador que vive, o qual, no que diz respeito à nossa salvação, é o compositor, músico e até mesmo a própria bela música.
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sábado, maio 04, 2013

Desconstruindo Mitos sobre Calvino / Por Franklin Ferreira

Em 2009, comemorou-se 500 anos do nascimento de João Calvino. Na ocasião, Franklin Ferreira escreveu o texto abaixo para desconstruir muitos mitos à respeito deste reformador. A intenção não é colocar Calvino em um pedestal da perfeição, mas tirar alguns preconceitos da mente de muitas pessoas, talvez até da sua.

Grande parte da cristandade celebra os 500 anos do nascimento de João Calvino neste ano. Infelizmente, as imagens populares que se tem do reformador francês são muitas vezes distorcidas, cercadas por mitos que não representam o verdadeiro Calvino e seu decisivo ministério de quase 25 anos na cidade suíça de Genebra. Na tabela abaixo, oferecemos ao leitor um rápido panorama dos principais mitos construídos em torno de Calvino, e o quadro real que emerge do estudo sério de sua vida e influência na igreja e sociedade ocidental.

Mito: Calvino inventou a doutrina da predestinação.

Fato: Entre outros, Agostinho, Anselmo, Aquino, Lutero e Zwinglio ensinaram e escreveram sobre a doutrina da predestinação antes de Calvino, enfatizando a livre graça de Deus triunfando sobre a miséria e escravidão ao pecado.

Mito: A doutrina da predestinação é central na teologia de Calvino.

Fato: Em seus escritos, especialmente nos comentários, Calvino trata do tópico quando o texto bíblico exige. E como alguns eruditos têm sugerido, o tema central de sua teologia parece ser a união mística do fiel com Cristo.

Mito: Calvino não tinha interesse em missões.

Fato: Entre 1555 e 1562 um total de 118 missionários foram enviados de Genebra para o exterior – um número muito superior ao de muitas agências missionárias da atualidade. E os primeiros mártires da fé evangélica nas Américas foram enviados por Calvino ao Brasil para encontrar um lugar de refúgio para os reformados perseguidos na Europa e evangelizar os índios.

Mito: A crença na predestinação desestimula a oração.

Fato: Calvino escreveu mais sobre a oração do que a predestinação nas Institutas, enfatizando a oração como um meio de graça por meio do qual a vontade de Deus é realizada e suas bênçãos são derramadas.

Mito: Calvino é o pai do capitalismo.

Fato: As forças que moldaram o capitalismo moderno já estavam presentes na cultura ocidental cerca de 100 anos antes da reforma. O que Calvino valorizou em seus escritos foi o estudo, o trabalho, a frugalidade, a disciplina e a vocação como meios de superar a pobreza. Ele não condenou a obtenção de lucros advindos do trabalho honesto.

Mito: Calvino foi o ditador de Genebra.

Fato: Ele tinha pouca influência sobre as decisões acerca do ordenamento civil da cidade e não tinha direito de voto em decisões políticas ou eclesiásticas no conselho municipal. Sua influência era persuasiva, por meio de seus sermões e escritos. Em países influenciados pelo pensamento calvinista não surgiram ditadores, nem nas esferas políticas muito menos nas eclesiásticas.

Mito: Calvino mandou matar Miguel Serveto.

Fato: Serveto foi executado por ordem do conselho municipal de Genebra por heresia, especialmente por negar a doutrina da Trindade. Ele havia sido condenado pelas mesmas razões por dois tribunais católicos, só escapando da morte por ter fugido da França. Inexplicavelmente ele foi para Genebra. No fim, todos os reformadores europeus apoiaram unanimemente a decisão do conselho de Genebra.

Mito: Os ensinos de Calvino são social e politicamente alienantes.

Fato: Pode-se ver a influência do pensamento de Calvino na revolução puritana de 1641 e na primeira deposição e execução de um rei tirano em 1649, na Inglaterra; no surgimento do governo republicano (com a divisão e alternância do poder, além de ênfase no pacto social); na revolução americana de 1776; na libertação dos escravos e na defesa da liberdade de imprensa.

Mito: Calvino não tinha interesse em educação.

Fato: Calvino não só inaugurou uma das primeiras escolas primárias da Europa como ajudou a fundar a Universidade de Genebra, em 1559. Algumas das mais importantes universidades do ocidente, como Harvard, Yale e Princeton foram fundadas por influência dos conceitos educacionais do reformador francês. A imagem permanente associada às igrejas reformadas é que estas sempre têm uma escola ao lado.

Mito: Os ensinos de Calvino não são bíblicos.

Fato: Calvino enfatizou fortemente a autoridade e prioridade das Escrituras e praticamente inaugurou o método histórico-gramatical de interpretação bíblica. Escreveu comentários sobre quase todo o Novo Testamento e grande parte do Antigo Testamento, além de milhares de sermões. E sua grande obra foi as Institutas da Religião Cristã, que seria “uma chave abrindo caminho para todos os filhos de Deus num entendimento bom e correto das Escrituras Sagradas”. O reformador francês lutou para que toda a sua cosmovisão estivesse debaixo da autoridade da Bíblia.


Não quero tratar Calvino de forma não-crítica ou iconográfica. Ele era consciente de suas fraquezas e pecados, e suas muitas orações preservadas dão testemunho de sua humildade e dependência da graça abundante de Deus em Jesus Cristo. O que almejo é levar o amado leitor a deixar de lado as caricaturas e ir direto à fonte, estudando e meditando nas obras de Calvino, reconhecendo-o e levando-o a sério como mestre da igreja (praeceptor eccleisiae). Os benefícios de tal estudo serão incalculáveis para sua vida e para aqueles ao seu redor.

Agradeço aos amigos Augustus Nicodemus e Solano Portela por sugestões acrescentadas a esta tabela.

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segunda-feira, março 04, 2013

Quão Firme Fundamento! / Steven Lawson

Nenhum edifício erigido por mãos humanas pode ser e permanecer sólido e forte, a não ser que os seus alicerces estejam bem fixos e sejam firmes. Um edifício alto não pode ser construído sobre uma fundação tendente a fragmentar-se. Não se deve construir um edifício sobre mero lixo ou entulho. Sem uma base sólida e sem colunas enterradas profundamente, a estrutura superior cairá. E mais, quanto mais alto o edifício, mais profundas as colunas devem ser. A solidez estrutural do edifício todo repousa completamente na firmeza do alicerce.
Em nenhum outro lugar essa verdade é mais aplicável do que na construção da igreja, que é "uma casa espiritual" (1Pe 2.5). Jesus Cristo em pessoa é o único Edificador da igreja, como prometeu: "Edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la" (Mt 16.18b). Cristo não disse "vocês edificarão a minha igreja". Tampouco disse: "Eu edificarei a igreja de vocês". Em vez disso, afirmou: "[Eu] edificarei a minha igreja". Cristo, pessoalmente, está construindo a sua igreja, e, como um sábio construtor, está estabelecendo-a sobre fundação de sólidas pedras – o sólido fundamento da doutrina (Ef 2.20).

Amarras Inamovíveis da Graça Soberana
A pedra angular, a principal pedra de uma igreja construída por mãos divinas, é a fé no senhorio de Jesus Cristo. Afinal de contas, foi essa a grande confissão de Pedro – "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16.16) – que deu azo à grande promessa de Jesus de que construiria soberanamente a sua igreja. Há, porém, outras amarras inamovíveis da igreja, além desta de que acabamos de falar. No processo de edificar a sua igreja, o Senhor Jesus levanta e coloca nos respectivos lugares as fortes colunas e os fortes componentes de tudo quanto ensinou – o completo conselho de Deus. Jesus ordenou que os seus discípulos ensinassem "tudo o que eu lhes ordenei" (Mt 28.20, com ênfase em tudo). As verdades que Cristo ensinou constituem a fundação sólida e segura. E no coração mesmo do seu ensino doutrinário está um inequívoco compromisso com a soberania da graça divina. Estas verdades centrais formam a sólida base do firme fundamento da igreja. A igreja que é construída sobre as doutrinas da graça, é erguida sobre a inexpugnável rocha da revelação divina. Que firme fundamento tal igreja tem!
Mas, triste é dizer, a igreja atual parece ter a intenção de retirar as doutrinas da graça do seu alicerce. Em vez disso, prefere construir com madeira, palha e restolho sobre areia movediça. Uma igreja assim pode ter uma impressionante aparência externa, e, portanto, pode atrair muita gente. Mas, interiormente ela não é espiritual, é instável, e, pior, em grande parte não é convertida. Tal igreja, construída sobre um alicerce tão frágil não pode ter esperança de subsistir nos dias de tribulação. Mas a história registra que quando uma igreja é edificada com o ouro, a prata e as pedras preciosas de uma mensagem centrada em Deus, ela é fortalecida e pode resistir aos mais difíceis temporais. Nem mesmo os ventos tempestuosos da apostasia, da perseguição e das terríveis chamas do martírio podem fazê-la cair. De fato, sempre que a igreja é edificada sobre a sólida rocha da graça soberana de Deus, ela permanece inamovível, como inamovível tem permanecido nas horas mais tenebrosas da história.

A Graça Soberana: um Firme Fundamento
As verdades da graça soberana formam o mais forte fundamento doutrinário para qualquer igreja ou crente. As doutrinas relacionadas com a soberania de Deus na salvação do homem lançam a mais sólida pedra angular e, assim, protegem firmemente a vida e o ministério do povo de Deus. O culto na igreja é mais puro quando o ensino dessa igreja sobre a graça soberana é mais claro. Seu modo de viver é mais limpo quando a sua exposição das doutrinas da graça é mais rica. Sua comunhão é mais agradável quando a instrução sobre a soberania de Deus é mais firme. Sua obra de evangelização no mundo é mais forte quando a sua proclamação da teologia transcendental é mais ousada. A vida espiritual da igreja toda é elevada quando a sua mensagem está ancorada no mais alto conceito sobre a graça soberana de Deus. Foi nos tempos da história em que as doutrinas da graça eram apresentadas em sua rica plenitude, que a igreja esteve melhor. Eis onde permanece o firme fundamento da igreja: nas enriquecedoras verdades da graça soberana.
A respeito desse sólido fundamento, Benjamin B. Warfield escreveu:
Pois bem, estes Cinco Pontos compõem uma unidade orgânica, um singular e uno corpo da verdade. Eles estão baseados em duas pressuposições que a Escritura endossa abundantemente. A primeira pressuposição é a completa impotência do homem, e a segunda é a absoluta soberania de Deus em sua graça. Todos os demais pontos são decorrências. O local de encontro desses dois fundamentos é o coração do Evangelho, pois, se o homem é totalmente depravado, segue-se que é necessário que a graça de Deus em salvá-lo seja soberana. De outro modo, o homem inevitavelmente a recusará em sua depravação, e permanecerá não redimido. 1
Warfield está certo em sua avaliação. A culpa humana e a graça divina se cruzam no Evangelho, e as doutrinas da graça soberana retratam vividamente a grandiosidade da obra de salvação planejada e operada por Deus.
Sobre este ponto, Boice declara sucintamente: "As doutrinas da graça permanecem ou caem juntas, e juntas apontam para uma verdade central: a salvação é toda de graça porque é toda de Deus; e, porque é toda de Deus, é toda para a sua glória". 2 Toda a glória seja para Deus, que supre toda a graça.

Bibliografia:
1 - B. B. Warfield, "A Review of Studies in Theology", em Selected Shorter Writings of Benjamin B. Warfield, II, ed. John E. Meeter (Nutley, NJ: Presbyterian and Reformed, 1973), 316.
2 - Boice e Ryken, The Doctrines of  Grace: Rediscovering the Evangelical Gospel, 32.


O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

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domingo, janeiro 20, 2013

Como Pregar Sermões Expositivos a Ouvintes que não Foram Educados para Ouvi-los? / Phil Newton

“Toda pregação cristã verdadeira é expositiva”, escreveu John Stott. Embora algumas pessoas considerem a pregação expositiva um método antiquado, sua capacidade de tornar-se um porta-voz do texto bíblico assegura relevância constante. Desde que a responsabilidade do pastor é pregar a palavra, ele deve se esforçar para compreender o texto bíblico e comunicá-lo eficaz e apaixonadamente a sua congregação (2Tm 4.2). A abordagem expositiva almeja deixar que o texto bíblico trate das diversas necessidades de uma congregação, independente do nível educacional da igreja. J. W. Alexander expressou bem isso: “O método expositivo é apropriado para assegurar ao pregador e aos seus ouvintes a maior quantidade de conhecimento sobre as Escrituras”.
Tanto o pregador quanto os ouvintes podem ser auxiliados na pregação expositiva ao lembrar sempre de algumas coisas.
O pregador e a pregação expositiva:
1. Reconheça que o método expositivo pode ser estranho aos seus ouvintes, então, faça todos os anos uma pregação sobre o motivo de você pregar expositivamente. Nessa mensagem você precisa explicar por que o método expositivo é necessário, o que você procura realizar, e a forma como o sermão deve ser ouvido.
2. Ao preparar o sermão, certifique-se de trabalhar o seu vocabulário de forma que este se iguale à compreensão dos ouvintes. Além disso, nunca presuma que seus ouvintes entendem termos que, para você, são comuns. Por exemplo: justificação, santificação e eclesiologia. Uma simples explicação dos termos oferecendo exemplos pode incrementar o entendimento da congregação.
3. Ofereça resumos dos sermões para ajudar as pessoas no momento de ouvi-los. Você também pode pensar na possibilidade de imprimir a mensagem que você escreveu e disponibilizá-la antes do culto, para ajudar os ouvintes a ouvir e compreender. Isso acaba tornando-se uma boa ferramenta para seu povo lembrar do sermão e seguir com o estudo do tema.
4. Encoraje sua congregação a desenvolver a capacidade de pensar e compreender oferecendo um material de leitura adicional para complementar a sua pregação. Para começar, esse material pode ser composto por artigos ou sermões curtos, livretes e, depois, vocês podem prosseguir com a leitura de livros maiores. Providencie guias de leitura da Bíblia inteira a fim de desafiar a congregação nessa disciplina espiritual. Comece aos poucos para não sobrecarregar aqueles que não estão acostumados a ler com regularidade.
5. Tenha momentos de diálogo a fim de que as pessoas possam fazer perguntas relacionadas ao sermão sem medo de embaraços. É importante que você evite uma postura defensiva com relação a perguntas ou comentários. Isso pode ser feito após o culto da noite ou durante os cultos semanais. Cuidadosa e humildemente responda as perguntas direcionando as pessoas ao texto bíblico e usando a oportunidade para fazer algumas sugestões sobre como interpretar as Escrituras.
6. Pense numa “pessoa-alvo” quando estiver preparando o sermão. Essa pessoa seria um representante do nível comum de compreensão na igreja. Visualize a comunicação com essa pessoa conforme você desenvolve seu esboço, suas explicações, ilustrações e aplicações do texto. Busque ocasiões para conversar sobre o sermão com a “pessoa-alvo”. Pergunte francamente quão bem ele ou ela está compreendendo os sermões; pergunte como você pode ser mais claro, o que foi mais proveitoso no sermão, e identifique qualquer coisa que possa ter impedido a compreensão.
Os ouvintes e a pregação expositiva:
Regularmente desafie seus ouvintes a tirar o máximo de proveito de cada sermão considerando o seguinte:
1. Reconheça a autoridade das Escrituras Sagradas e sua primazia na adoração pública. Durante a semana prepare-se para ouvir a Palavra lendo as Escrituras regular e sistematicamente.
2. Peça que o Senhor lhe dê ouvidos que ouçam a Palavra e um coração obediente – lembre a congregação que eles têm a responsabilidade de se preparar para ouvir tanto quanto você tem a responsabilidade de se preparar para pregar.
3. Examine as Escrituras como os bereanos para ver se as coisas expostas são fiéis à Palavra de Deus (At 17).
4. Faça perguntas no sentido de oferecer uma resposta à exposição das Escrituras:
• Agora estou convicto, por meio da Palavra, de que existe uma área de minha vida, de meus pensamentos, de minhas ações e do meu comportamento que precisa ser mudada?
• Existe um pecado, uma desobediência, uma atitude errada ou alguma desculpa que foi repreendida pela verdade das Escrituras e que agora preciso confessar e dos quais preciso me arrepender diante do Senhor?
• Há uma instrução que eu preciso seguir e colocar em prática na minha vida?
• Há uma doutrina que eu preciso estudar mais e aplicar ao meu entendimento da verdade cristã?
5. Reflita no texto e na mensagem. Nesse momento você pode alcançar o maior discernimento que já teve sobre a Palavra de Deus. Faça anotações e analise-as novamente após o sermão.
6. Repita as verdades do texto para outra pessoa, talvez usando essa ocasião como uma chance para testemunhar do evangelho ou encorajar um amigo crente.

Phil Newton é pastor da Igreja Batista South Woods em Memphis, Tennessee.
Leitura recomendada:
J. W. Alexander, Thoughts on Preaching (Edinburgh: Banner of Truth, 1988).
J. I. Packer, Vocábulos de Deus (São José dos Campos: Editora Fiel, 1994).
John Piper, A supremacia de Deus na pregação (São Paulo: Shedd Publicações, 2003).
Charles H. Spurgeon, Lições aos meus alunos. vol. 1-3 (São Paulo: PES, 1990).
[Sugestões do Editor]:
Bryan Chapell, Pregação cristocêntrica (São Paulo: Cultura Cristã, 2002).
Sidney Greidanus, O pregador contemporâneo e o texto antigo (São Paulo: Cultura Cristã, 2006).
D. Martyn Lloyd-Jones, Pregação e pregadores (São Paulo: Fiel, 1984).
Albert Martin, O que há de errado com a pregação de hoje? (São Paulo: Fiel, s/d).
Stuart Olyott, Pregação pura e simples (São Paulo: Fiel, 2005).
Haddon W. Robinson, A pregação bíblica (São Paulo: Edições Vida Nova, 1983).
Traduzido por: Ana Paula Euzébio Pereira
Revisão: Pr. Franklin Ferreira
Copyright
© 9Marks
© Editora FIEL 2009.
Traduzido do original em inglês: How do I preach expositional sermons to uneducated hearers? de Phil Newton, com a permissão do ministério 9Marks.

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sexta-feira, dezembro 14, 2012

O Sofrimento do Crente / Fábio Vaz

A) CONFISSÃO POSITIVA, EVANGELHO DA PROSPERIDADE E O FALSO TRIUNFALISMO

1 - Um falso ensino que permeia a Igreja hoje é aquele que afirma que, se formos fiéis a Deus,  obrigatoriamente seremos abençoados, prósperos e felizes, e nenhum mal nos atingirá. Se sofremos, é porque cometemos algum pecado. É o que ensinava Elifaz (Jó 4.7-9).

Refutação Bíblica: Neste mundo que jaz no Maligno (cf. 1Jo 5.19), justamente nós, crentes, somos os que mais chances temos de sofrer (Jo 16.33; 15.19,20; 2Tm 3.12; 1Pe 2.21). Na verdade, todos sofrem, crentes e descrentes. A questão é: de que modo encaramos o sofrimento? Ou melhor, o que fazemos com o sofrimento? (E não o que o sofrimento faz conosco). Veja 1Pe 4.12-19.

Exemplos de homens de Deus que sofreram muito neste mundo: Jó, José, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Paulo (cf. 2Co 6.4,5; 11.23-27). Estava Paulo em pecado? Estavam aqueles homens em pecado?

2 - Muitos ensinam que o crente genuíno jamais terá dificuldades financeiras, por ser "filho de Deus", filho d'Aquele que é o "dono do ouro e da prata". Se alguém tem problemas nessa área, é porque está em pecado. Será?

Na verdade, na Bíblia, na História e na experiência diária, observamos que os ímpios prosperam muito mais do que os justos (cf. Sl 73). Exemplos de homens de Deus que padeceram necessidades financeiras: Elias (1Rs 17.5-7), Amós (Am 7.14), Habacuque (Hc 3.17-19), Paulo (Fp 4.10-13), e até mesmo o Senhor Jesus (Mt 8.20). Aliás, o que Jesus ensinava sobre o amor às riquezas? Veja Mt 6.24; 13.22; Mc 10.23; Lc 18.24...

A atitude de Jesus deve ser a nossa também (2Co 8.9; Fp 2.5). Nem riqueza, nem pobreza, mas o equilíbrio saudável deve ser o nosso alvo na vida (cf. Pv 30.7-9), muito embora Deus, em Sua soberania, é quem realmente decide quem será rico ou pobre, e por quanto tempo. Seja qual for a nossa situação, devemos descansar n'Ele, sabendo que Ele suprirá todas as nossas necessidades em Cristo Jesus (Fp 4.19). Nossa atitude deve ser sempre de gratidão e dependência de Deus, priorizando nossa comunhão com Ele acima de tudo (Mt 6.33; 1Tm 6.7-10,17-19).

B) NEM TRIUNFALISMO, NEM PESSIMISMO - UMA PERSPECTIVA BÍBLICA DO SOFRIMENTO

1 - Existe um triunfalismo barato sendo pregado atualmente, dizendo que sempre seremos "mais que vencedores", nunca experimentaremos derrotas, revezes, fracassos ou aflições nesta vida, se realmente somos filhos de Deus. Essa é uma interpretação bastante equivocada de Rm 8.37, ignorando inteiramente o contexto desse versículo (Rm 8.18-39), no qual o Apóstolo Paulo nos explica que somos mais que vencedores justamente através dos sofrimentos, não escapando deles. O próprio Jesus jamais escondeu de ninguém o significado de ser Seu discípulo: juntamente com as recompensas, virão as tribulações e perseguições (Mc 10.28-31; Lc 9.23; 14.25-33; Jo 16.33).

 2 - Outro ponto de vista, no extremo oposto, é o pessimismo sombrio e sem esperanças, do tipo que encara este mundo apenas como um vale de sombra da morte, e que estamos destinados a sofrer irremediavelmente. Mas veja, novamente, o exemplo do Apóstolo Paulo, que expressava alegria mesmo em situações negativas, porque conhecia o Senhor (Fp 1.18; 2Tm 1.12).

Mais uma vez, o crente é chamado para encarar a vida de um modo equilibrado, baseado na Palavra de Deus. Haverá tempos difíceis e tempos bons (Ec 3.1-8), mas  aqueles que confiam no Senhor sempre terão sua alegria preservada, pois sua felicidade depende de Deus, e não das circunstâncias (Sl 34.19; 125.1).

C) PROPÓSITOS DO SOFRIMENTO

1 - O SOFRIMENTO NOS IDENTIFICA COM CRISTO. Jo 15.20,21; 16.33; At 5.40,41; Rm 8.17; Fp 1.29; 1Ts 2.14; 1Pe 4.13,14. Em todos esses textos, e em muitos outros, vemos que, assim como o Senhor sofreu neste mundo, nós, os que seguimos os Seus passos, também experimentaremos, inevitavelmente e em alguma medida, a oposição e o sofrimento (2Tm 3.12; 1Jo 3.13). Nossa comunhão com Ele no sofrimento é a outra face da nossa comunhão com Ele em Sua glória (Fp 3.10,11).

2 - O SOFRIMENTO FORJA O NOSSO CARÁTER. Este é um corolário do anterior: se, mesmo em meio ao sofrimento, buscarmos a vontade de Deus, seremos semelhantes a Cristo,  e nosso caráter começará a ser transformado pelo Espírito Santo à semelhança do caráter de Cristo (Rm 5.3-5; 2Tm 4.5; Tg 1.2-4; 1Pe 4.12-19).

3 - O SOFRIMENTO AUMENTA A NOSSA FÉ. Andar com Cristo nos dá a oportunidade de conhecê-Lo melhor, e mesmo em meio às lutas, podemos prosseguir "por fé, não por vista" (Rm 8.23-25,28,31-39; Fp 4.4-7; Hb 12.1-3; 1Pe 5.6-10).

4 - O PASSAR POR MOMENTOS DE SOFRIMENTO NOS PERMITE AUXILIAR COM EFICÁCIA OUTROS QUE ESTÃO SOFRENDO. 2Co 1.3-11; 12.7-10; Fp 1.12-18; 1Pe 5.10. O poder de Deus opera através de nossa "fraqueza" humana, quando nos sentimos as pessoas menos capacitadas do mundo e mais necessitadas da graça divina. Deus coloca um tesouro em vasos de barro (2Co 4.7-12), opera poderosamente através daqueles que sofrem confiando no Senhor (2Co 6.8-10; 1Pe 4.19).

5 - O SOFRIMENTO, QUANDO VIER, DEVE SER ENFRENTADO E EXPERIMENTADO PARA A GLÓRIA DE DEUS. Tudo em nossas vidas deve ser feito para a glória de Deus (1Co 6.20; 10.31) e o sofrimento não é exceção (Fp 1.20,21). Fomos criados para o louvor da Sua glória, e isso inclui toda a nossa vida, inclusive durante os períodos de tribulação (Ef 1.11,12). O sofrimento não é desculpa para deixar de servir a Deus e de glorificá-Lo, muito pelo contrário: é uma oportunidade excelente de demonstrar o nosso amor a Deus e a nossa alegria em Cristo, servindo ainda mais, para a glória de Deus (1Pe 4.7-19). A Deus toda a glória!

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